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B2. CL_TLiterários_JRSantos_Nomes.2

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B2. CL_TLiterários_JRSantos_Nomes.2

Leia o seguinte texto de José Rodrigues dos Santos e complete os espaços com os nomes que faltam.

PRO-Português (Timor-Leste)
1

pesadelo alma fulgor rostos ventre marés sanidade olhos silêncio pescoço ecos homem mar fantasmas tábua feridas memória demência horas descanso

Dizem que o tempo sara todas as feridas . Talvez seja verdade . Mas há que parecem não sarar . Sangram , vertem pus , voltam a sangrar , surpreendem - nos a magoar a quando esta já deveria estar habituada e imune a tanta dor . É certo que , às vezes , essas feridas acalmam , como as que recolhem a água e recuam para o alto ; mas , tal como as marés , regressam depois , revigoradas , pujantes , invadindo de novo a praia e fazendo sentir o da sua presença , o ímpeto do seu regresso . Paulino Jesus da Conceição tinha uma dessas feridas . Sentia - a por vezes a apertar - lhe o até quase não conseguir respirar , sentia - a dentro de si em parte incerta , ora na cabeça , ora no coração , ora no , ora nos pulmões . Sentia - a nas pernas e nos . Sabia que ela estava dentro de si , mas , se lhe perguntassem onde se encontrava exatamente , não saberia responder . Ou melhor , sabia ; no fundo , no fundo , sabia bem onde encontrá - la . Estava na , escondia - se no passado , um passado que desesperadamente se esforçava por romper pelo presente , agarrando - se a Paulino como se ele fosse a sua de salvação , a sua resposta à terrível angústia do esquecimento , do desaparecimento , do eterno . Mas Paulino sabia que esta ferida jamais cicatrizaria . Podia talvez dar um momento de , distrair - se , ir dormir a sesta , mas à primeira oportunidade lá estava ela , voltava sempre , regressava para torturar o que a trazia dentro de si , arrastando - o para um estado de febril que se apossava da sua alma e o conduzia ao desespero . Era já contra a loucura que Paulino lutava , e foi em nome da luta pela que tomou uma decisão naquele dia 20 de Janeiro de 2002 . Tinha quarenta e seis anos de idade , ia fazer quarenta e sete a 6 de Abril , e já não podia viver assim . Levantou - se nessa manhã pelas seis , como era costume . E , também como lhe acontecia nos últimos dezanove anos , acordou transpirado , assustado , perseguido pelo mesmo que assombrava as suas conturbadas e agitadas noites de sono . Há já dezanove anos que sonhava com os mesmos e as mesmas vozes , as mesmas palavras a ressoar na cabeça enquanto dormia , os mesmos que emergiam da noite dos tempos , amplificados , ameaçadores . Entrega - lhe o crucifixo . Nem numa única noite esses o largaram .
( José Rodrigues dos Santos , A Ilha das Trevas )