Era
uma
vez
um
rei
que
era
um
grande
.
Era
o
rei
dos
comilões
.
E
como
não
havia
ele
de
ser
o
rei
,
se
o
reino
se
chamava
Comilândia
ou
dos
Comilões
?
Empanzinava
-
se
o
rei
,
do
pequeno
-
à
ceia
,
e
empanzinavam
-
se
os
seus
súbditos
,
em
menor
quantidade
,
claro
,
mas
também
com
fartura
,
pois
então
!
Era
um
de
abundância
aquele
.
Tudo
nascia
,
crescia
e
dava
fruto
que
era
uma
admiração
.
O
trigo
a
abarrotar
os
,
o
gordo
gado
a
pastar
nos
prados
,
a
água
e
o
vinho
a
jorrar
das
fontes
,
as
couves
tronchudas
a
alegrar
as
hortas
,
enfim
um
país
de
maravilha
,
um
país
nunca
visto
,
meus
.
O
que
a
terra
dava
chegava
e
sobrava
.
E
o
que
sobrava
era
muito
.
Se
fosse
distribuído
pelos
países
vizinhos
,
que
não
tinham
a
mesma
sorte
da
Comilândia
,
a
fartura
tocaria
a
todos
,
a
toda
a
gente
,
a
todo
o
.
Mas
neste
ponto
,
o
rei
comilão
e
rei
dos
comilões
não
era
do
mesmo
parecer
.
?
Cada
um
que
trate
de
si
-
dizia
o
monarca
.
Ora
um
dia
,
estranho
dia
,
aconteceu
uma
coisa
de
espantar
.
Foi
o
caso
que
o
rei
,
dirigindo
-
se
para
o
,
onde
iria
tomar
o
seu
pequeno
-
almoço
,
perdeu
o
apetite
.
Perdeu
o
rei
o
apetite
,
antes
de
chegar
à
mesa
do
banquete
,
e
não
conseguiu
lembrar
-
se
de
onde
o
teria
deixado
.
-
O
rei
perdeu
o
apetite
-
murmuram
os
conselheiros
para
os
ministros
,
os
ministros
para
os
generais
,
os
generais
para
os
conselheiros
,
os
conselheiros
para
os
ministros
,
os
ministros
para
os
generais
,
num
murmúrio
sem
fim
.
Puseram
-
se
todos
à
procura
do
real
,
mas
sem
resultado
.
Seria
possível
que
o
famoso
e
realíssimo
apetite
desaparecesse
,
sem
quê
nem
porquê
,
de
um
momento
para
o
outro
?
Onde
teria
Sua
Majestade
deixado
o
apetite
?
O
mais
estranho
nisto
tudo
é
que
os
súbditos
,
por
voltas
e
reviravoltas
do
destino
,
também
foram
perdendo
o
apetite
.
Vendo
bem
,
não
havia
motivo
para
espantos
.
Eles
,
que
em
tudo
seguiam
Sua
Majestade
,
acompanhavam
-
na
neste
passo
,
da
mesma
forma
que
a
tinham
acompanhado
,
como
glutões
,
nos
muitos
reais
.
A
doença
,
que
não
tinha
sinais
de
doença
,
alastrou
.
Andava
todo
o
reino
com
fastio
.
Os
frutos
apodreciam
nas
árvores
,
as
couves
secavam
nas
hortas
,
o
vinho
e
a
água
inundavam
as
terras
,
o
gado
devastava
os
trigais
.
Ninguém
sentia
vontade
de
comer
,
ninguém
se
dispunha
sequer
a
estender
um
braço
para
colher
os
frutos
da
abundância
.
Estava
o
reino
perdido
.
Sentindo
a
ameaça
dos
vizinhos
cobiçosos
,
dispostos
já
a
atravessar
as
fronteiras
,
empunhando
espadas
e
lanças
,
os
conselheiros
lembraram
ao
rei
,
que
fora
comilão
,
a
necessidade
de
distribuir
as
colheitas
e
os
bens
armazenados
pelos
habitantes
dessas
terras
pobres
,
que
circundavam
o
reino
.
-
Nunca
!
-
barafustou
o
avarento
.
-
Cada
um
que
trate
de
si
.
Insistiram
os
conselheiros
,
lembrando
-
lhe
,
como
argumento
,
que
esses
bens
e
alimentos
já
não
eram
necessários
ao
país
.
Assim
conseguiram
convencer
o
rei
e
logo
ali
se
combinou
um
encontro
entre
monarcas
vizinhos
e
o
rei
,
que
fora
comilão
.
Enviados
os
,
todos
aceitaram
.
Cheios
de
curiosidade
,
vieram
,
com
os
seus
séquitos
,
conhecer
a
hospitalidade
da
farta
terra
dos
Comilões
.
Houve
cerimónias
,
negociações
amigáveis
e
um
grande
projecto
de
distribuição
dos
excedentes
do
reino
às
populações
mal
alimentadas
dos
reinos
vizinhos
.
No
fim
de
tudo
,
um
banquete
oferecido
pelo
rei
visitado
aos
reis
visitantes
assinalou
condignamente
os
contratos
de
.
Querem
então
saber
uma
coisa
?
Nesse
jantar
,
pela
primeira
vez
há
muito
tempo
,
o
rei
da
Comilândia
sentiu
crescer
-
lhe
água
na
boca
,
ao
cheiro
dos
manjares
trazidos
para
a
mesa
.
Voltara
-
lhe
o
apetite
,
tal
como
a
todos
seus
súbditos
.
Não
era
um
apetite
desalmado
como
dantes
,
mas
uma
boa
e
saudável
fome
,
que
nascia
na
barriga
e
não
nos
olhos
.
.
.
E
assim
acaba
a
.
E
acaba
bem
.
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